Cinema

Le Petit Prince - O Filme

quinta-feira, dezembro 11, 2014

Não sei se já mencionei por aqui, mas O Pequeno Príncipe é um dos meus livros favoritos. Já li diversas vezes e cada vez que leio abraço uma das lições e minha vida ganha um novo estalo. Pra mim, ele está longe de ser um livro pra crianças, mas também não serve pra pessoas muito impacientes, objetivas, que levam tudo ao pé da letra (há raras exceções, manifestem-se!).

Bom, esse post não é para ser uma resenha do livro, até porque vocês vão conseguir achar várias por aí, mas sim para apresentar, diante de minha infinita felicidade, o trailer do filme que será lançado em outubro do ano que vem. Saquem só:


Quando eu vi que tinha saído o trailer, tive aquela ligeira sensação de medo de que talvez tivessem estragado uma das histórias mais bonitas do universo literário. Até porque já tinham feito tantas adaptações visuais, principalmente para crianças, uma mais sem graça que a outra (minha opinião!) que a chance de ser só mais uma no meio de todo o resto me parecia grande. Aí eu assisti o trailer e saí dando pulinhos de alegria. Por quê?

Motivo 1: o filme é genuinamente francês;
Motivo 2: a música do trailer é Somewhere Only We Know;
Motivo 3: a versão da música é a da Lily allen;
Motivo 4: não menos importante, ou melhor, mais importante - a história do livro será contada com dois universos, sendo o do livro feito em madeira. Sério, me apaixonei pela ideia! *.*


Se ainda não assistiram, dêem o play aí em cima, e espero que gostem e torçam para o tempo passar rápido e vermos a obra de arte por completa!

Agora deixem-me aqui abrindo o meu livro porque, depois disso, eu tinha que le-lo mais uma vez.

Au revoir! 
Bisou
M.

Blues

Walk the Line (pt.: Johnny e June)

sábado, novembro 01, 2014

Hi Folks!

Gostaria de apresentá-los a um filme que eu sou apaixonada. Na verdade, não sei do que gosto mais: se é da trilha sonora, da genialidade do artista retratado, da sutileza da amizade e companheirismo e de como isso é capaz de superar qualquer problema, ou do amor. Quem já conhece, conte aqui a sua impressão do filme, vou ficar feliz em saber! Pra quem não conhece, let's go!



O Walk the Line (ou Johnny e June, nome no Brasil) é um filme que conta a história de Johnny Cash , um cantor de country+blues+folk+rock estadunidense. O roteiro foi baseado em livro autobiográfico de Johnny, e conta com presença de personagens tão grandiosos quanto ele, como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, June Carter, entre outros.


Desde pequeno, Johnny e seu irmão costumavam ouvir rádio, e Johnny sempre se apaixonava pelas canções que ouvia. Trabalhava na força aérea quando comprou seu primeiro violão e, ao pedir Vivian em casamento, mudou-se para Tennessee e passou a trabalhar como vendedor até que encontrou uma gravadora e foi lá dar as caras. Gravou seu primeiro disco e passou a fazer pequenas tours para divulgar o seu trabalho. Conheceu Elvis, Jerry Lee e June Carter, onde passaram uma temporada tocando nos mesmos festivais. Johnny viajava com Jerry Lee e June, o que gerou uma grande amizade entre eles.

Johnny começou a envolver-se com bebidas e, em um episódio em que teve um péssimo comportamento, June abandonou a tour com os garotos, o que fez com que Johnny tornasse um viciado. Seu casamento com Vivian começou a desmoronar, e o relacionamento com seu pai continuava bastante infeliz.

A história conta todo o drama de vida e carreira de Johnny Cash, com muita música boa e bastante animada, embora o enredo pareça triste. É bastante focada em seu relacionamento, nos leva até o momento em que propôs June Carter em casamento, que foi sua companheira até o fim de suas vidas.

O filme rendeu várias indicações à premios, entre elas a de melhor atriz no Oscar em 2006 para Reese Whiterspoon ao interpretar June Carter.

Fica então para vocês o trailer do filme:


Assistam ;)

Kiss,
M.

Drama

Comenta-se... e por dentro se corrompe.

domingo, outubro 05, 2014


Comenta-se lá fora que ele agia de forma egoísta. Mal sabem os outros que tudo que ele tinha era dúvida. Dúvida do que podia fazer para mudar o que lhe incomodava e para permanecer confortável em sua casa e em sua vida, mesmo não sendo o padrão daquilo que seus semelhantes mais desejavam ou que achavam que era pertinente desejar. Estava exausto ao se sentir mais uma peça de xadrez presa num tabuleiro - o cenário que deveria ser de seu total controle estava aos poucos se transformado em manipulações inteligentes nas mãos dos que enxergam horizontes maiores que os seus. Estava cansado de todos pregarem algo que, na prática, nunca era feito e mais cansado ficava quando essas mesmas pessoas lhe opinavam invadindo suas decisões. Conturbava-se então, fortemente, ao ser cobrado e obrigado a tomar uma dessas decisões agora, quando queria apenas dormir e acordar em outro planeta.

O momento é agora, dizia a senhora de idade que de vida sofrida sabia o que talvez daria certo e o que talvez jamais daria. Ele não queria uma vida de retalhos como a dela, então lutava até a última gota de suor para que seu social, cultural e emocional permanecessem intactos. Afinal, para garantir seus sonhos, esses pequenos detalhes construiriam a perfeita "base" para que então pudesse se relacionar perfeitamente com a sociedade, sendo um bom amigo, um bom companheiro, um bom marido, um bom pai. A senhora não o contou que existem pessoas que passam pelo que ele passa e que é possível encontrá-las e, por conseguinte, chamá-las de semelhante. Pois para elas não importará o sacrifício, mas sim a vontade; não importará milhões de palavras inteiras, mas sim algumas pela metade; não importará quem ele tentou ser de mentira, mas sim ele de verdade.

Em meio a turbilhões de desânimo, angústia, glórias e sorrisos, parava muitas vezes e, imóvel, não sabia quem era, o que queria ou o que fazer com aquela fração de segundo de vida. Mesmo sem se mexer, o tempo não parava, corria em suas veias e pulsava em seu coração, transbordando em salivas o grito exposto de desespero e indignação. Pobre coitado. Além de si mesmo, tinha que cuidar dos outros e, se não o fizesse, continuaria se cobrando. Por que ele não poderia desencanar, como fizeram alguns de seus amigos e seu pai? Por que ele não poderia desafrouxar o nó de sua garganta e vomitar palavras sinceras para qualquer um que passasse e pudesse ouvir? E por que não para as pessoas que tinham que ouvir? Seu desabafo era silencioso, em forma de palavras pela metade e em canções nunca registradas.

Comenta-se lá dentro que caía no mais profundo abismo ao ver sua vida aos poucos despedaçar e ter que se preocupar com coisa demais.

E o que ele só queria mesmo era um pouquinho de paz.

M.

Marvel

Trilha Sonora - Guardiões das Galáxias

segunda-feira, agosto 18, 2014

Hey folks!

Sentiram falta de um post mais descontraído? Eu sim!



Além disso, senti bastante falta de um tempo extra pra cá, maaaaaas, sabe como é, né!? Acho que reclamarei por falta de tempo por todos os dias de minha vida! hahaha
Os últimos posts do blog foram dedicados à publicação dos textos e poemas que escrevi durante o mês de junho para o projeto PHPoemaDay. Ficarei bastante honrada em saber a opinião de vocês sobre eles. Então, bora lê-los e comentar? Só clicar aqui: #PHPoemaday! (pidonda, né?) Aí vocês podem voltar pra cá e ler o resto do post =P

O assunto desse post é a trilha sonora do filme Guardiões da Galáxia. Pelo simples motivo: assisti o filme semana passada e, assim que acabou eu pensei: tenho que postar no blog! Ela é super legal, bem retrô, não é da minha época (não vivi anos 80!) mas, ainda assim, pela minha família, conheço muito da música oitentista e gosto de muitas também! Então, indo direto ao ponto, venho divulgar-lhes o vídeo que possui a trilha para que, antes de fechar a página aqui do Lacrymosa, você navegue a vontade por outros sites depois de dar o play nessa divertidíssima lista que é um dos pontos mais legais do filme!

Alguns detalhes (como a fica cassete ilustrando o post) perduraram até os anos 90 fazendo com que eu também sinta um pouco de nostalgia *.* Pra quem não conheçam, essa é a oportunidade de gostar da música que nossos pais curtiam sem ter vergonha de alguém ver! =P

So... Let's play? 
(omg, fazia tempo que eu não falava isso! =D)


Segue a lista para os curiosos!

1. Blue Swede - Hooked On a Feeling (0:00)
2. Raspberries - Go All the Way (02:52)
3. Norman Greenbaum - Spirit In the Sky (06:13)
4. David Bowie - Moonage Daydream (10:15)
5. Elvin Bishop - Fooled Around and Fell In Love (14:57)
6. 10cc - I'm Not In Love (19:31)
7. Jackson 5 - I Want You Back (25:35)
8. Redbone - Come and Get Your Love ( 28:35)
9. The Runaways - Cherry Bomb (31:58
10. Rupert Holmes - Escape (The Pina Colada Song) (34:15)
11. The Five Stairsteps - O-O-H Child (38:52)
12. Marvin Gaye & Tammi Terrell - Ain't No Mountain High Enough (42:06)

Sou suspeita, minhas preferidas são de Bowie, Jackson 5 e The Runaways. E vocês, gostaram?
Conta aí! 

Aaah, dá só mais uma espiada nessa fofura:


Té mais ;)
M.

Eu escrevo

O Palhaço (#PHPoemaDay - Dia 30)

domingo, agosto 10, 2014

O circo que vai
o circo que volta
aprende no caminho
que quem vive sozinho
tão triste se encontra
pois não há picadeiro
que sirva de palco
pra vida medíocre
de um simples palhaço
ridicularizado por ser
ou não ser, só fingir ser
alegre e feliz
e gostar de viver.

Mas um dia a hora chega
e mesmo havendo esperança
o palhaço se entrega
e espalha por terra
migalhas de risos
e água de lágrimas,
sem ninguém avisar,
sorrateiramente.
Deixa que vai
o circo que volta
e segue seu caminho
deixando o palhaço,
seguindo sozinho.

 [Esse post faz parte do desafio #PHPoemaday. Para ver os outros textos do desafio, clique aqui.]
Tema  30: Um Circo.

Para ler

Por onde quiser (#PHPoemaDay - Dia 28)

domingo, agosto 10, 2014

Passos
passam
pessoas
perdidas
possessas
por onde
quiser

Arranhos
no céu
estranhos
na terra
correndo
por onde
quiser

A pressa
domina
viola
na esquina
ecoando
por onde
quiser

Na cidade
do caos
do amor
e do medo
vivendo
por onde
quiser

Errantes
sem sapatos
de saltos
ou chinelos
querendo viver
por onde
quiser.

 [Esse post faz parte do desafio #PHPoemaday. Para ver os outros textos do desafio, clique aqui.]
Tema 28: Sua Cidade.

Eu escrevo

O meu Deserto (#PHPoemaDay - Dia 29)

domingo, agosto 10, 2014

Sem contar, a infinidade do tudo me traz um vazio tão grande quanto a ausência de coisas existentes no nada. Contando, eu não consigo chegar a nenhuma conclusão. A imensidão da vida, a incerteza da origem da existência dela mesma, corrói os meus mais ínfimos pensamentos. Entretanto, o café quentinho, forte o suficiente para instigar a energia e minha criatividade, trazem ilusórias lembranças - coisas que nem aconteceram - revelando bons enredos para alguns livros. Uma pena eu não ser um escritor! Seria interessante refletir sobre a origem de tudo - partindo do pressuposto de que o tudo existe - e relatar isso à humanidade. Claramente muitos já o fizeram, mas quando partimos do mesmo zero podemos concluir alguns pequeníssimos detalhes diferentes que antes não foram pensados. Se bem que, escritor ou não, sou humano e pensador, já reflito tudo isso e cada vez mais me sinto ignorante nesse universo, nessa vida. Na verdade, alguns pensamentos vazios se misturam com conteúdos interessantes, porém indecifráveis por si só, formando uma confusão praticamente homogênea. Que faço eu, eu mesmo?

Questionar a quantidade de sais ou grãos de areia em um deserto, ou tentar ao menos separar os dois, é tarefa para quem preocupa-se com algumas coisas que outras pessoas consideram inútil. O que seria inútil? A busca pelas questões não óbvias ou curiosidades sobre a origem de algo, ou buscar pelo sucesso pessoal que traz admiração externa e fanáticos oportunistas? Acredito não existir resposta certa para essa questão, já que vivências e criação influenciam nas nossas decisões, mas onde encaixamos a razão e o bom senso, segundo Kant? Eu não sei, realmente, o que eu posso fazer para saciar essa angústia, essa dúvida sobre mim mesmo, sobre aqueles que amo e sobre a natureza que venero e abriga meu erros e tropeços. Eu me olho no espelho, vejo uma imagem um pouco diferente de ontem, um pouco igual, um tanto comum. Porém não reconheço, depois de cada tombo ou andar elevado, a mesma pessoa, os mesmos pensamentos. Dói, mas constrói o meu presente que sonha com meu futuro, mesmo que, de fora, pareça um vazio em busca de respostas para as questões mais bizarras - ou mais inconvenientes. Como poder matar a sede que sinto como se estivesse vivido a vida inteira em um deserto? Há um deserto dentro de mim esperando uma chuva de explicações no calor do meu momento e na frieza da minha alma.

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Tema 29: O Deserto.

Eu escrevo

100 anos de solidão (#PHPoemaDay - Dia 27)

domingo, agosto 10, 2014

Contarei até cem
cada ano que se passar
e não tiver você aqui

Se por acaso então chegar
ao centésimo pesar
posso encerrar ou ser feliz

Como se houvesse escolha
viveria até o último segundo
conservando o meu coração

Aprenderia então a viver
pois quem não aprenderia
com 100 anos de solidão?

 [Esse post faz parte do desafio #PHPoemaday. Para ver os outros textos do desafio, clique aqui.]
Tema 27: 100 anos de solidão.

Eu escrevo

Personagens reais (#PHPoemaDay - Dia 26)

domingo, agosto 10, 2014

Depois de tanto ler, passei a pensar sobre mim mesma. Procurei muitos heróis por aí durante a trajetória desse caminho cansativo que é a vida. Mas quer saber? Ninguém além de mim pode ser capaz, em meu particular enredo, de poder salvar tudo e todos de todo o perigo ao meu alcance - e isso inclui salvar eu de mim mesmo. É bizarro como a vida leva rumos inesperados, basta imaginarmos nossa reação ao observar o resultado de certos intervalos - tipo uns seis meses - e veremos que quase nunca o que dissemos que queríamos estar fazendo há 5 anos atrás se tornou realidade. Em partes, isso não é tão ruim, pois espera-se (não esperamos?) amadurecer cada vez mais um tiquinho de nossa mente, corpo e espírito, adquirindo o mínimo de sabedoria ou o que comumente chamamos de "experiência". A real é que, mesmo sabendo que tudo pode mudar, principalmente nós mesmos, é triste olhar para trás e ter a sensação de que falhamos ou fomos derrotados. O bom é que ainda assim temos, a partir do momento dessa percepção, tempo para fazermos história em nossa própria vida e deixar nosso "eu" do futuro um pouco mais satisfeitos. Se pararmos de procurar protagonistas lá fora e enxerga-los dentro de nós mesmos, podemos ser o personagem histórico perfeito para não nos arrependermos de termos nascido. Isso pode fazer valer, e muito, já que acredito que o primeiro passo das melhores conquistas mundiais surgiram de sonhos e atitudes de um único ser. E sim, com isso, podemos fazer o lugar que estamos melhor, plantando coragem, proatividade e vontade de viver e fazer a coisa acontecer. 

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Tema 26: Personagem Histórico.

Eu escrevo

Incomum (#PHPoemaday - Dia 25)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Incomum,
que ainda não nasceu;
e que procura
e ainda não encontrou;
quem se perde
no que não morreu
mas que busca,
no que não aconteceu,
o que queria, de fato,
que tivesse acontecido.

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Tema 25: Narrador Incomum.

Eu escrevo

Tantas (#PHPoemaday - Dia 24)

segunda-feira, agosto 04, 2014

São tantas a fotos
Tantas palavras
Tantas tristezas
Tantas risadas

Tantas mentiras
Tantas verdades
Tantas conversas
Tantas metades

Tantas virtudes
Tantas belezas
Tantas coragens
Tantas histórias

De um só momento,
Tantas memórias.
Tantas...

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Tema 24: Uma memória antiga.

Eu escrevo

Perfume (#PHPoemaday - Dia 23)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Teu riso é como a rosa
que instiga pela beleza
Tem aroma que me agrada
Tem romance com clareza
Tem perigo disfarçado
em corpo inteiro, ou em pedaços.
E teu aroma, convidativo,
faz sentir-me ao vê-la, abraçado.

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Tema 23: Um cheiro.

Eu escrevo

Cotidiano (#PHPoemaday - Dia 22)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Eu conto as horas, talvez os dias, e até semanas, pra que possamos surtir efeito. Eu acordo, faço feio, porque quero e não consigo, alcançar-te não é tão fácil. Meio dia de solidão, sofrimento calado. Não imagina que te imagino, não se cansa como eu canso em ver estar tudo no passado. Te deixar lá dói, e o café da tarde não é mais o mesmo. Não me liga, não tem horas de conversa, só eu aqui imaginando e você me esquecendo. Seis da tarde, eles chegam, você vai. Vida cheia, vida vazia, gente aqui e pessoas aí e eu não estou onde eu queria estar. Estrela cadente, fecho os olhos, respiro fundo e peço para vir me buscar. Meia noite, eu sonhando, você vivendo e, enquanto eu não durmo, rezo para que faça logo parte de meu cotidiano.

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Tema 22: Cotidiano.

Eu escrevo

Transeuntes (#PHPoemaday - Dia 21)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Giro em meia
volta inteira.
Grito baixo,
alto encaixo
sonhos tristes,
alegres vidas,
que do contrário,
despercebidas,
seguem o fluxo.
Gira o mundo,
não se encontra
em nenhum lugar.
Estamos aqui,
estamos seguro,
estamos aonde
queríamos estar.
Rota reta:
transeuntes
se incomodam
por não chegar;
giram planos,
ou vetores,
seus senhores
e seu lugar.
Veem luas,
veem ruas,
calçadas largas
a transitar.
Transeuntes
se incomodam
por seu destino
não encontrar
e sua imagem
gira em torno
de seu astro
girassol.

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Tema 21: Girassol.

Eu escrevo

Sonho em fragmentos (#PHPoemaday - Dia 20)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Confusão,
muita confusão,
diga-se de passagem.
Frio e chuva,
cachoeira e brasileiros
prosseguindo em viagem.
Medo assíduo,
estranhas criaturas
de olhos azuis e sem pupila.
Sim, assustam,
sem nem enxergar,
o humano que basta respirar
para que, então,
sintam sua presença
e enfim possam atacar,
não lembro como,
pois de tanto de medo,
não tenho como lembrar.
Mas foi cômico,
um tanto quanto bizarro,
me agarrei em meus amigos,
nos escondemos,
nos abraçamos, sem esperança
ficamos. E aí eu acordei.

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Tema 20: Seu sonho de hoje.

Eu escrevo

Um rato sem recato (#PHPoemaday - Dia 19)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Quero dizer, minha senhora
Que você não vai me entender
Passo rápido, sem delongas
Quem sabe alguém entreter

Não se poupe, ou se esconda
Nem em cadeira precisa subir
Sou bonzinho, muito inocente
Só quero o meu queijo conseguir

E o gato - deixe o gato!
Ele não vai me alcançar!
Sou esperto, eu me estico,
e corro muito sem me cansar

Quero apenas, minha senhora,
que não se acanhe em me adotar
essa fugacidade em mim devora
a vontade de te conquistar!

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Tema 19: Animal protagonista.

Eu escrevo

Um encontro inopinado (#PHPoemaday - Dia 18)

domingo, julho 06, 2014

- Oi, bom dia - disse o rapaz.

- Oi - respondeu a garota.
- Posso sentar-me aqui ao seu lado?
- Está vago, fique à vontade.
- O que está lendo?
- O Mundo de Sophia, de Jostein Gaarder.
- Um de meus livros preferidos! Leio regularmente.
- Legal. - Sem ter muito o que falar. - É a minha primeira vez.
- Legal.

Durante a viagem, o rapaz escrevia em um pequeno pedaço de papel amassado. Dobrou-o, ao terminar, até atingir o menor tamanho possível.

- Minha parada é a próxima. Adorei te conhecer.

Deixou no colo da garota o pequeno bilhete com os dizeres:
Me encantei com sua beleza. Pura, serena e curiosa. Espero encontrá-la novamente. E que seus cachinhos dourados permaneçam iluminando seu rosto e que você passa a ocupar seu lugar na ponta dos pelos do coelho.
Seguiu sem suspense.

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Tema 18: Só diálogos.

Eu escrevo

Medo (#PHPoemaday - Dia 16)

domingo, julho 06, 2014

Um medo, dois sonhos, três desejos.
Palavras ao vento, borboletas no estômago,
exprimindo em mim todo o sentimento
imensurável, afagado no âmago,

De perder e não conseguir aprender;
De ganhar e não conseguir manter;
De conquistar e não conseguir me conter;
De não conseguir te fazer feliz.

E seguir, sozinha, arrependida de não ter vivido.

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Tema 16: Um medo.

Eu escrevo

Reprimida (#PHPoemaday - Dia 14)

domingo, julho 06, 2014

Eu já morei com o desaforo
e engoli muitos pepinos.
Engasguei com expressões inauditas.

Tenho papas na língua
e meus cotovelos são mudos.
Me expressei comigo escondida.

Sou assim meio sozinha
e ouço apenas, nunca falo.
Transbordei-me com a minha escrita.

Esvaziei-me quando sorri
ou quando chorei para mim mesmo.
Completei-me de palavras contidas.

Eu sussurrei com o meu canto
e os meus gritos foram silenciosos.
Cresci e vivi assim, tão reprimida.

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Tema 14: Tudo o que você queria ter dito.

Eu escrevo

Sapiência (#PHPoemaday - Dia 13)

domingo, julho 06, 2014

Sentada na balança
Pensativa por ser e estar
ou até mesmo desacreditar
na sociedade ao seu redor

De pé uma criança
Cansada de apenas brincar
à procura sem encontrar
respostas por seu clamor

E não adianta reclamar, ela não vai crescer
Se jamais aceitar que é impossível total entendimento
da vida, do universo e tudo o mais

Mas se questionar, pode sim sempre aprender
E como a Sophia quando correu atrás do conhecimento
verá que sapiência nunca é demais

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Tema 13: Personagem Literário.


Eu escrevo

12 de junho de 2014 (#PHPoemaday - Dia 12)

domingo, julho 06, 2014

João ficou em casa. Sua presidente decretou feriado nacional, afinal, naquele dia começaria a copa do mundo e sua cidade seria sede da abertura. Acordou cedo, como de costume, pois morava em um simples condomínio com as crianças mais ativas e espertas que já conheceu, ainda mais em dia de jogo da seleção brasileira. Não tinha muita escolha, levantou-se de sua cama, abriu todas as janelas e deixou o clima entrar. Desde sempre gostara de futebol, mas agora, mais do que nunca, sentia um misto de medo, desespero, ansiedade e raiva de tudo o que estava acontecendo. Começou o dia tentando, "quem sabe eu não me anime", pensou.

Maria não teve tanta sorte. Também levantou cedo como de costume, mas isso só porque seus clientes não estavam de folga, então teria sim que estar de prontidão. Se o telefone do escritório tocasse, muito perderia financeiramente, pouco de coragem teria de arriscar assim. Ela não estava muito contente com a situação de seu país, por isso, todo o alvoroço existente nas pessoas em um dia como aquele era praticamente inexistente nela. Fora trabalhar de preto, era esse o reflexo do seu humor, mas tinha esperança de que ao chegar em casa, algo tivesse mudado. E trocaria de roupa.

O avanço do dia para eles não foi muito diferente do alcançado por outras famílias. João recebeu os parentes com o sorriso mostrando os dentes que amarelo estavam de tanto café. Seu vício nocivo o fazia permanecer de pé e querer seguir durante aquele dia. O que mais queria? Talvez um sonho intenso, um raio vívido de amor em que nenhum setor social fosse ignorado e desprezado. Maria, por sua vez, ficou até o último segundo no seu carma e seu cotidiano, incomodando-se com o amarelo em primeiro plano. Destacava-se com sua vestimenta, então correu para casa refletindo o porquê de sua mente tormenta ao som do mar e à luz do céu profundo. Estava um pouco mais animada, mais ainda continuava desiludida.

Ao verem seus familiares, e a consequente festa que faziam, ambos por metade se renderam. João colaborou, cozinhou e calorosamente agradou suas visitas e foi a companhia que esperavam que ele fosse. Maria vestiu a camisa, abriu o sorriso e esqueceu das obrigações cotidianas, abraçando sua família transbordava simpatia. Maria e João comemoraram o resultado de 3x1, mas sentiam que seus comportamentos eram grandemente inadequados. João e Maria sofriam por dentro, pois se consideravam traindo uma nação por fazerem algo que não era nada de errado e, assim, se sentiram injustiçados.

No fim do dia, a imagem do Cruzeiro resplandeceu, e os dois terminaram o seu dia vivido estranhamente. Tão separados pela gigante natureza, mas tão conectados por enormes sentimentos: o de ser brasileiro, e o de viver e enxergar intensamente o drama brasileiro.

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Tema 12: Inspirado em uma música.

Eu escrevo

Sertão (#PHPoemaday - Dia 11)

quarta-feira, junho 11, 2014

Sertão
Que abriga o amor
Que me traz saudade
Do que ainda não conheci
Da sofrida infância
Da mãe trabalhadora
E dos avós batalhadores

Sertão
Que faz muito calor
Que me traz tranquilidade
Da horta que alimenta
Na chuva tão esperada
Ou do café no fim de tarde
na casa da vó.

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Tema 11: O Sertão.

Eu escrevo

Soneto no Mar (#PHPoemaday - Dia 10)

quarta-feira, junho 11, 2014

Palavras imensas que drenam a alma
transformando vidas contando o que sobrou
Da guerra estreada com a fé que restou,
no estopim, enfraquecendo a calma

Seus pesares são tão leves quanto o ar
Tristeza tão grande que a falta nelas gerou
São amores verdadeiros que o destino levou
Esperança perdida e procurada no mar

Essas mulheres que temem o passado
Vivem sonhando por paz no futuro
E poder colocar em dia o carinho atrasado

O oceano agora carrega o sussurro
Daquela que agora é apenas afeto desejado
e que dorme em lágrimas num sono inseguro.

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Tema 10: O Mar.

Eu escrevo

Envelhecimento (#PHPoemaday - Dia 9)

quarta-feira, junho 11, 2014

O tempo que foi agora
Não volta outra hora
Perdeu-se no espaço
Ou no vazio sem dimensão
Ficaram apenas lembranças
Agradáveis ou não
Para que crescesse, enfim
O escritor que há em mim

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Tema 9: Velhice.

Eu escrevo

Infância (#PHPoemaday - Dia 8)

quarta-feira, junho 11, 2014

Criança
Da luz o sorriso, matéria que alegra
Carisma que se prende na inocência que inspira
Se forma tão lenta, tão rápida se cria
Quando dá-se conta de sua existência
Sofre calada por não ter pedido para existir
E se sentir criança

Infância
No tempo perdido, o espaço sagrado
Raízes se soltam no amadurecimento que intriga
Se dança no escuro, tão claro suplica
Para que o instante congele e mantenha
Sempre cravada na vida em memória
A vivência de infância.

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Tema 8: Infância.

Eu escrevo

A Minha Maçã (#PHPoemaday - Dia 7)

quarta-feira, junho 11, 2014

Não sou Bandeira para descrever-te, maçã.
Julgo humildemente meu eu, tento calmamente me superar.
Estimulo meu devaneio ao fim de tarde com o teu cheiro
Para que de ti, sozinha, eu possa me alimentar
Na solidão, que então a minha noite comece
Desipnotizando-me e permitindo-me levantar
E num pistar de olhos, salgadamente lacrimejo
Na ansiedade de meu desejo saciar.

Querida maçã, estou chegando.


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Tema 7: Um objeto inanimado.

Eu escrevo

Azul not Blue (#PHPoemaday - Dia 6)

quarta-feira, junho 11, 2014

Azul que me ilumina, por que te fazem o mal? Fazem de ti a cara da fossa, da dor e solidão. Eu não acho normal, pois faz-me bem, colore o céu e o mar durante o dia e tinge meus sonhos, músicas e anseios em formas de palavras durante toda a vida. Está em todos os lugares. Quando dizem que és fria, acho que se referem ao seu frescor, pois sem você não existiria calmaria em uma tarde de verão. Cor da paz, espectro que contrasta meu cabelo e minha pele, esteja, seja e harmonize. Porque, para mim, és a cor da alegria, que neutraliza o tudo com o infinito.

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Tema 6: Azul.

Eu escrevo

Esperando na Chuva (#PHPoemaday - Dia 5)

quarta-feira, junho 11, 2014

Presa na verdade que me ronda, sinto-me impossibilitada de fazer as verdades alheias. Se eu pudesse, abraçara o mundo, faria das partes o todo que acho mais bonito. Veria sorrisos sinceros exalando claramente a felicidade de cada um e sorriria também, porque até os sofredores natos e os dramáticos seguiriam alegres, pois a única angústia que existiria seria a de não existir tristeza. Seria um universo irônico ao que vejo lá fora e aí estaria o maior gracejo de todos. Abraçaríamos uns aos outros com compaixão e deixaríamos de lado a inveja, a soberba e a ganância, pois neste mundo todos teriam seu espaço e suas conquistas. Deitaria na grama ao pôr-do-sol todos os dias e, ao anoitecer, agradeceria somente porque eu não teria mais o que pedir.

De tanta tristeza enjaulada, tento desprender-me calmamente dessa verdade que mais parece mentira, da que me nego a acreditar por teimosia. Com isso, acabo acordando os monstros que eu mesma criei para que me auxiliassem nessa jornada, mas que acabaram aterrorizando a mim mesmo. Com o auxílio dos homens lá fora, eles criam uma legião de segredos e trapaças, agindo contra a minha fé e tirando-me o sono. Penso que poderia ser mais difícil, mas questiono-me como poderia ser mais fácil. Sentada na poltrona com a cabeça apoiada no vidro, reflito, a cada pingo de chuva, maneiras de fazer a minha parte, mas os trovões acontecem e me acordam, novamente, para a realidade. Pela janela, marginais que só querem dignidade são julgados por algo que não é totalmente sua culpa. Vejo, ainda, o cinza dos ternos que vestem cérebros analíticos que são usados apenas por próprio benefício. Procuro, assim, por aqueles que, como eu, vivem na margem da linha tênue entre esses dois últimos exemplos e que anseiam diminuir essa diferença. Acredito sermos poucos, mas acredito que podemos ser maiores que a maldade do mundo.

Infelizmente encontro aqui dentro uma garota pequena. Tão pequena quanto inversamente é a crueldade das pessoas. Daqui pra fora, pela janela do mundo enxergo o ontem, hoje e o amanhã, com a frieza e a crueldade do homem. De lá pra cá, pela minha janela enxergo uma garota sonhadora desapontada com aqueles que são extremamente parecidos com ela biologicamente. Me entrego à esse medo de viver ser humano e ver o pior se concretizar e fecho os olhos, torcendo para que o que eu faça seja o suficiente, e espero o futuro acontecer.


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Tema 5: Pela Sua Janela Hoje.

Eu escrevo

Mistura (#PHPoemaday - Dia 4)

quarta-feira, junho 11, 2014

Audrey Hepburn, Rachel McAdams, Marion Cotillard.
Johnny Depp, Tom Hiddleston, Robert Downey Jr.

Feminilidade, carisma, elegância, poder e estranheza.

Neil Gaiman, Douglas Adams, J. K. Rowling.
Tim Burton, Woody Allen, Clint Eastwood

Nerdice, paralelismo, comédia, magia e inteligência.

Mozart, Beethoven, Wagner, Villa Lobos
Beatles, Johnny Cash, Elvis Presley, Bob Dylan

Paixão, turbulência, rebeldia, sentimento e autenticidade.

Albert Einstein, Galileu Galilei, Júlio Verne
Immanuel Kant, René Descartes, Platão

Ciência, descobertas, conhecimento, curiosidade e visão.

Cinema, música, literatura, arte.
Astronomia, planeta Terra, novidades e redescobertas.

E assim, de muitas paixões, se faz uma garota.


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Tema 4: Sua Paixão.

Eu escrevo

O Espelho (#PHPoemaday - Dia 3)

segunda-feira, junho 09, 2014

Era 2h da manhã quando ele caiu da cama. Inevitável consequência de uma noite que, mesmo havendo mal começado, fora completamente mal dormida. Não sabia se de alguma forma conseguiria voltar a repousar. A mente perturbava o pensamento de existência e, por osmose, prosseguia respirando como aquela que dali em diante jamais faria. Simultaneamente, o planeta ainda girava e o Sol ainda brilhava. Ele sabia disso porque através das cortinas esvoaçantes, causa do sopro de desgosto trazido pela natureza, entrava a luz daquilo que refletia como um espelho a grandiosidade do astro. Em sua fase minguante, o satélite encolhia-se em penumbras como queria fazer o homem ao deitar-se na noite anterior. Pensou em como alcançar esse estado ao levantar-se do tombo. O mundo girava diante de seus olhos e sua cabeça pesava tanto quanto a consciência.

Sentou-se na cama e respirou tão fundo quanto a dor no peito permitia. Seu pesar era quase fingido, ser humano o trouxe um pouco de dignidade, ainda que mínima. Relembrou as últimas horas e deixou desprender de si uma única lágrima. Desonrara sua mãe, sua senhora que partira não há muito, e que havia penado ao transmitir ao filho os valores que tanto presava. Num súbito praticamente involuntário, levantou-se em direção ao banheiro. Não enxergou-se no espelho, estava coberto de vergonha e de cansaço devido à sua vida mesquinha. Fazia tudo certo. Não cabulava o trabalho, das 8h as 18h era mais um braço para a multinacional que o sustentava. Lhe parecia errado, mas nunca questionava. Lavou o rosto com aquela água fria, liberando a maior pressão possível da torneira para que fosse possível lavar cada camada de sujeira em seu rosto. Lavou os olhos e então passou a enxergar, mas ainda estava lá o desespero, o desgosto, a vergonha, o medo. Nem a água mais pura ou o solvente mais forte poderia levar do seu corpo toda aquela imundice.

Quarenta e muitos anos do sujeito não fizeram dele a melhor opção para se formar uma família. Sem filho, sobrinhos ou amigos que suportariam seus vícios, a vida vazia era preenchida por cartas de baralho, doses acentuadas de gin e tônica e a mínima esperança de se ter uma companheira que não precisasse ser paga para lhe dar bom dia. Seu banheiro refletia todo o cuidado da vida que ele podia comprar. A limpeza impecável era mantida diariamente conforme regras ditadas pela governanta.  Sua escova de dentes estava sozinha em um suporte abaixo de um pequeno armário cor de grafite que guardava, entre itens de higiene como algodão, creme dental, curativos e hastes flexíveis, o combustível para sua simpatia com a clientela e fornecedores, armazenados em forma de cápsulas. Ao se olhar novamente pelo espelho, milimetricamente ajustado para a reflexão de um homem de meia idade com cerca de 1,87 metros, observou que, não bastasse a solidão de viver em um apartamento de 300 metros com a companhia esporádica de uma mulher de 54 anos que lhe era serventia, havia tirado a possibilidade de concretizar o sentimento mais próximo de paixão que já havia experimentado.

Piscou diversas vezes lubrificando os olhos e mirou-os, novamente, desacreditado. Não havia mais o que fazer. As dúvidas eram concretas, os sonhos estavam atrasados e estrago estava feito. Gentileza nunca fora seu forte, em sua mente neste mundo cada um era por si. Agora então, mais do que nunca. Não conseguia enxergar propósito dali pra frente, bolou planos e estratégias mas sentiu preguiça em realizar cada um deles. O copo de vidro que encontrava-se em seu lado direito encaixou-se em seus dedos grossos e enrugados. O turbilhão de pensamentos acentuava a sensação de fim e cada vez mais latejava a sua cabeça. Gritos, sussurros e súplicas de uma dama perturbada fazia tudo girar mais e mais até que soltou o seu próprio grito. O mais forte que já ouvira, que saíra do seu interior exalando a mediocridade vivida todos esses anos.

O que antes era um copo e um espelho eram agora cacos de vidro e reflexos despedaçados exibindo a desordem em que a sua vida se encontrava. Permitiu-se lentamente chorar e soluçar de ódio, remorso, amor e arrependimento, sem ordem e sem limite, como nunca havia feito antes. Permitiu-se sofrer sem vergonha, amolecendo suas pernas e caindo de joelhos olhando para o chão. Se antes só queria dormir, agora queria sumir, o que não queria era ver a sua exposição diante da sociedade dali pra frente. Os dedos enrugados pressionaram um pedaço considerável de vidro que foi de encontro ao pulso, caindo por completo no chão rústico coberto pelos cacos daquela noite. Ao se encontrarem, diria que também fez com ele o que fizera com ela. Talvez ela compreendesse e então o aceitaria. Sem forças, tombou de lado sua cabeça e, em seu reflexo em uma das partes perdidas do espelho, observou sua vida inteira. E, partir daquele momento, jamais seria o mesmo.

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Tema 3: Espelho.

Eu escrevo

O Céu de Outono (#PHPoemaday - Dia 2)

domingo, junho 08, 2014

O céu não se define em cor
Na vida de quem a vida colore
Mesmo que pouco em mim escore
É de muito fazer sonhar

Marte ou Saturno fazem brilhar
O meu zênite, ou meu teto,
Fazem querer com todo afeto
Iluminar o meu caminho

Se aproxima com carinho,
Deslumbrante céu de Inverno
Cor de Antares pego terno
E pinto a vida com amor

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Tema 2: O céu de hoje.

Eu escrevo

Meus Gêneros Literários (#PHPoemaday - Dia 1)

domingo, junho 08, 2014

Eu sou lírica. Me exalto em sentimentos despindo-me com curiosidade e escondendo-me na exposição. Sou rosa quando reajo e sou branca sem emoção. Às vezes sinto incomodar outrens quando respiro com a cabeça nas nuvens. Meu universo não é grande, cabe quem eu achar que deve e me encontro onde estiver a minha força, meu sonho, meus amores. Vou aonde quiser mas fico presa à todo reflexo externo de medo e ansiedade do mundo, que me englobam tão categoricamente quanto eu não consigo fazer comigo mesma nos outros que são de minha importância. Em meu momento o tempo não passa e meu espaço se torna coordenada do que passar de minha angústia ou de minha calma. Eu sou música, o canto que vem de dentro e o sussurro que vem de fora. Sou ritmo, eu danço no mundo em silêncio e medito em estridentes pensamentos. Sou o exemplo de auto expressão na vida e, a cada contentamento, adversidade, ventura, martírio e glória, me anuncio violentamente.

Eu sou épica. Narro histórias e crio fantasias que alimento com o sonho de ser o que não posso. Piso no chão e em um instante narro o meu vôo à infinitos lugares que nem faço ideia que existam. Eu os crio e os adéquo à realidade que eu quiser. Eu nasci, eu vivo e um dia morrerei. Estou certa em querer seguir em frente, vivi momentos para errar e assim aprender com as consequências. Já fui velha, sou criança e nunca me senti adulta. Ando rapidamente e em largos passos e para ver se o tempo congela, mas não se engane como eu: não podemos nos esquivar do inevitável. Se eu não caio, eu não levanto, e o instante não existirá se não houver abstração. Sou merecedora de paz, sofredora do cotidiano, estudante de mim mesmo, quem sabe um dia eu aprendo. Eu sei o que eu faço e percorro caminhos traçados com o único objetivo de continuar vivendo. Eu sou um conto de ansiedade e um romance desanimador. 

Eu sou dramática. Eu também conto minha história em palavras dialogando comigo mesma. O seu externo influencia o meu humor e meu interno influencia a sua comédia. Sou dona do meu roteiro, mas não dirijo completamente a minha obra porque, embora eu tenha controle sobre minha vida, nem sempre narro os detalhes e você, espectador, recebe minha informação e dela extrai o que sua mente permitir. Sou consequência da causa de feridas, erros e acertos, alvos atingidos e retrocessos dentre infinitas possibilidades e escolhas. Sou metamorfose constante, crescendo e aprendendo com minha versão anterior, criando a próxima pessoa que posso ser sem perder os valores e princípios de sempre. Modificando com o tempo, me vejo avançando no drama constante como uma flor que cresce paulatinamente ao ser regada ou, também, como em um thriller acelerado, fugindo dos monstros ao meu redor. Sou autônoma em minha vida, tonando-me um contraponto ao que todo mundo espera que eu seja.

Sou, enfim, ode à minha existência e tragédia nem não triste. Sou canto e acho graça, sou a comédia que me deixa triste. Sou uma epopeia de mim mesmo.

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Tema 1: Autorretrato.

Lacrymosa

De roupa nova, agora Lacrymosa!

domingo, junho 08, 2014

Post cheio de novidades! Gosto assim :) 
Em alguns posts atrás eu vivia dizendo que estava tramando coisas novas para o blog. Sou tão chata indecisa que não consegui colocar aqui o que eu estava tramando! Eu tinha editado um layout bem interessante, mas ele era tão interessante que eu enjoei de tanto trabalhar nele. Quase agora, quando estava mudando o layout, eu desisti e decidi que queria algo mais simples e objetivo do que eu havia feito. Mudei tudo e cá temos a nova carinha do blog M de Marcela... ops! Agora é Lacrymosa

Também troquei o nome do blog. O título M de Marcela era bem legal, eu gostava bastante, mas sentia que era pessoal demais para o que eu queria transmitir aqui no blog em um futuro próximo (e também já tinha visto muitos "M de AlgumaCoisa" por aí). O nome transmitia bem a ideia do blog de ser algo relacionado ao meu mundo, ao que penso e ao que sinto, mas misturado a isso tudo, quero falar do que tem no mundo a fora, o que acontece por aí além da janela do meu quarto. Com isso, senti a necessidade de dar um up no título do blog (minhas redes sociais pessoais continuam @M_deMarcela). Além disso, queria deixar esse espaço um pouco mais abrangente para que, aos poucos, eu pudesse convidar algumas pessoas para colaborarem com textos e gostaria que elas se sentissem em casa também. Enfim, depois tanta explicação, cheguei ao Lacrymosa, a mesma essência do blog M de Marcela mas com uma carinha mais de mim (acreditem =P).

Além do nome novo, criei a identidade visual junto com o Estúdio Sansone Arte e, desse brainstorm, saiu o logo do blog! Eu estou apaixonada por ele e, ao contrário do outro layout que eu estava fazendo, eu não enjoei, hahaha. O que acharam? Gostaram?

Por último, não menos importante, reservei o mês de junho apenas para posts relacionados ao desafio Poem a Day (descrito aqui). Até posso postar algo entre os dias, dependendo de como estiver o meu tempo, mas não é essa a minha intensão. Como estudo e trabalhado a mil quilômetros da minha casa, estou usando meu tempo em transporte público para escrever os meus textos e, como eu costumo chegar tarde e dormir pouco, provavelmente postarei todos os textos da semana no final de semana, salvo quando sobrar algum tempinho. Estou bastante ansiosa para ver no que vai dar!

Espero que gostem do rumo que o Lacrymosa vai tomar. Eu não vejo a hora!
Comentem o que acharam de tudo isso. Vou adorar saber =)
Bisou, bisou,

M.

Amanda Somerville

Já Ouviu? Avantasia

quarta-feira, maio 21, 2014

Aaaah! (isso foi um suspiro!)


Bom, desde que "voltei" com o blog não tinha postado ainda um Já Ouviu mais específico por aqui. E o tema escolhido por mim agora pode não fazer muito sentido pro pessoal que ainda não me conhece direito ou que acabou de conhecer o blog. De primeira vocês podem nem enxergar harmonia entre o layout do blog, posts sobre unhas e a banda que eu vou falar agora, mas a real é que a minha vida é cheia de surpresas e diversidade em um nível inexplicável e impossível de rotular. Eu sou assim: 8 e 80, alto e baixo, preto e rosa, clássico e popular. Ouço o que me faz bem e o que, na minha opinião, tem qualidade. Sou fã de música, e não de rótulo.

E digo tudo isso (e direi mais provavelmente em alguns futuros posts) porque esse projeto que vou apresentar é magnífico pra mim. Ele tem uma grandiosidade absurda que inclui letras memoráveis, solos e vocais impecáveis, histórias cheias de magia e músicos excepcionais! Com certeza esqueci de algo para colocar aqui e justificar minha paixão por esse projeto, mas acho que já dá pra exprimir meus sentimentos, não? (ou querem mais? :P)

Vamos começar por essa música:

Eu escrevo

Vermelho

quinta-feira, maio 15, 2014



Reflexo do medo, do sonho e do desejo.
É morte, é vida, é sangue, é beijo.
É sussurro, é grito, é silêncio, é ensejo.
É teu vestido, teu batom, teu sapato, meu cortejo.
É esse instante em que te vejo e me apaixono de repente.
És vermelho.
És minha.


Desafio

Desafio de Escrita: A Poem a Day

domingo, maio 11, 2014

Uma coisa bem legal aconteceu comigo nos últimos dias.

Durante os poucos minutos que passei no facebook nessa semana me deparei com uma publicação da Vanessa Chanice, do blog Central da Leitura, sobre um desafio intrigante pro meu mês preferido do ano: junho! O que marca esse mês: meu aniversário, aniversário de namoro, início de inverno, festas com comidas gostosas, fim de semestre... (nem necessariamente é bom, mas pelo menos ele acaba! hehe).

O desafio me animou bastante para voltar a escrever, mas eu estou morrendo de medo de não conseguir completar por causa do monstrinho tempo. Mas não custa tentar, né? xD

Essa imagem é a cada do blog M de Marcela, não acham? xD
Ele é simples: 1 dia = 1 texto. Na imagem acima vocês podem conferir os temas diários para os textos, que são de forma livre, ou seja, escreva o quê quiser (dentro do tema, claro!), como quiser e o quanto quiser!
Não vou delongar nesse post, mas quem tiver interesse acho importantíssimo conferir o post da Vanessa, com direito a vídeo explicativo, lá no blog dela (clique aqui!) e, quem sabe, decidir participar também!
Pode até rolar sorteio de livro aos participantes!

Vamos gente, despertem os escritores em vocês!
Escrever é amor demais! <3

Drama

Sobre a vida...

quarta-feira, maio 07, 2014


A gente adora sofrer. E não adianta discordar de mim, você sabe que é verdade. Se não fosse, não dificultaríamos tanto os afazeres da vida, não nos importaria perdoar nem pedir perdão e não procuraríamos escolher fazer aquilo que a gente sente prazer fazendo. Tudo tem um preço.

A vida custa caro. A vida custa uma vida. Custa sonhos, planos, ensaios, preparos, limpezas e esperas. Mesmo assim ganhamos, de brinde, uma "caixa" recheada de pessoas, sentimentos, desejos, planos, poesias, folhas em branco e muitas canetas, para preenchermos da forma que quisermos. De certa forma, conseguimos ficar quites com ela, alguns desejos que ganhamos podem se equivaler a algum de nossos sonhos e os planos... Bom, planos são planos. Por mais interessante que possa ser tê-los, sempre os que queremos realizar serão moeda para outros que devem ser feitos.

As pessoas que ganhamos em nosso convívio quase nunca são escolhidas por nós. Muitas delas nos darão suporte, quase que na mesma intensidade em que estamos dispostos a suportar outras, e assim encontraremos os elementos cruciais para construirmos o que as vezes chego a duvidar que existe: a felicidade. Afinal, por mais introvertido que alguém seja (oi! \o) eu concordo com o mestre Jobim de que "é impossível ser feliz sozinho". O único motivo que acredito que talvez faça a felicidade ser possível é a amizade e o amor que a gente ganha, que doa e que constrói.

Drama

Pietro e o Girassol

terça-feira, abril 08, 2014


Pietro não tinha graça. Brincava com flores procurando outros amores para ver ser adiantava. Os buquês murchavam de tanta demora e de olhos cerrados sofria sem ela. Bastava um chamado, fingia-se cansado e deixava os amigos para depois. Pra quê futebol, se corria atrás de perguntas chutando respostas para as mais frequentes angústias que pairavam em sua mente? Regar o Girassol ao menos trazia, no descanso de sua casa, esperança de então comprar com ele o sorriso de sua garota. 

Pietro não tinha palavras. De gestos vazios e pouca coragem foi construindo o discurso do mais fino amor. Balela para os amigos, fase comum para a família, paixão repentina pro seu coração. É que, desde então, acordava sorrindo, fingindo a si mesmo que ele hoje a veria. Seguia tristonho quando não mais encontrava o horizonte que agora tanto amava. E, então, num pensamento medonho de tornar-se um fraco diante daquele vício, dormia chorando. Porque parecia impossível que, em tão pequeno garoto, um tamanho carinho florescesse e nada acontecesse.

Pietro não tinha coragem. E assim continuou, enquanto continuava o Girassol.

Eu escrevo

E assim...

domingo, abril 06, 2014


E assim foi.
Como se o vento fosse incomum, como se a luz não houvesse existido, como um estalo que acorda o pesadelo de um pensamento perdido. Foi também como se uma borboleta pousasse em cascalhos de guerra ou construção mal-sucedida. Ou como uma ideia, antes inibida, sendo permitida tornar-se existência.
"Pare, tempo", ela disse. "Eu quero viver!". Agora que tocou-se da realidade, ela quis transformar a ânsia interior em combustível para seus sonhos, quis fazer barulho, quis alimentar o ânimo e quis fazer tudo isso ao mesmo tempo. Porque só agora, infelizmente, ela sabia que podia. Ou felizmente.
E viverá.
E assim será.

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