Eu escrevo

Um encontro inopinado (#PHPoemaday - Dia 18)

domingo, julho 06, 2014

- Oi, bom dia - disse o rapaz.

- Oi - respondeu a garota.
- Posso sentar-me aqui ao seu lado?
- Está vago, fique à vontade.
- O que está lendo?
- O Mundo de Sophia, de Jostein Gaarder.
- Um de meus livros preferidos! Leio regularmente.
- Legal. - Sem ter muito o que falar. - É a minha primeira vez.
- Legal.

Durante a viagem, o rapaz escrevia em um pequeno pedaço de papel amassado. Dobrou-o, ao terminar, até atingir o menor tamanho possível.

- Minha parada é a próxima. Adorei te conhecer.

Deixou no colo da garota o pequeno bilhete com os dizeres:
Me encantei com sua beleza. Pura, serena e curiosa. Espero encontrá-la novamente. E que seus cachinhos dourados permaneçam iluminando seu rosto e que você passa a ocupar seu lugar na ponta dos pelos do coelho.
Seguiu sem suspense.

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Tema 18: Só diálogos.

Eu escrevo

Medo (#PHPoemaday - Dia 16)

domingo, julho 06, 2014

Um medo, dois sonhos, três desejos.
Palavras ao vento, borboletas no estômago,
exprimindo em mim todo o sentimento
imensurável, afagado no âmago,

De perder e não conseguir aprender;
De ganhar e não conseguir manter;
De conquistar e não conseguir me conter;
De não conseguir te fazer feliz.

E seguir, sozinha, arrependida de não ter vivido.

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Tema 16: Um medo.

Eu escrevo

Reprimida (#PHPoemaday - Dia 14)

domingo, julho 06, 2014

Eu já morei com o desaforo
e engoli muitos pepinos.
Engasguei com expressões inauditas.

Tenho papas na língua
e meus cotovelos são mudos.
Me expressei comigo escondida.

Sou assim meio sozinha
e ouço apenas, nunca falo.
Transbordei-me com a minha escrita.

Esvaziei-me quando sorri
ou quando chorei para mim mesmo.
Completei-me de palavras contidas.

Eu sussurrei com o meu canto
e os meus gritos foram silenciosos.
Cresci e vivi assim, tão reprimida.

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Tema 14: Tudo o que você queria ter dito.

Eu escrevo

Sapiência (#PHPoemaday - Dia 13)

domingo, julho 06, 2014

Sentada na balança
Pensativa por ser e estar
ou até mesmo desacreditar
na sociedade ao seu redor

De pé uma criança
Cansada de apenas brincar
à procura sem encontrar
respostas por seu clamor

E não adianta reclamar, ela não vai crescer
Se jamais aceitar que é impossível total entendimento
da vida, do universo e tudo o mais

Mas se questionar, pode sim sempre aprender
E como a Sophia quando correu atrás do conhecimento
verá que sapiência nunca é demais

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Tema 13: Personagem Literário.


Eu escrevo

12 de junho de 2014 (#PHPoemaday - Dia 12)

domingo, julho 06, 2014

João ficou em casa. Sua presidente decretou feriado nacional, afinal, naquele dia começaria a copa do mundo e sua cidade seria sede da abertura. Acordou cedo, como de costume, pois morava em um simples condomínio com as crianças mais ativas e espertas que já conheceu, ainda mais em dia de jogo da seleção brasileira. Não tinha muita escolha, levantou-se de sua cama, abriu todas as janelas e deixou o clima entrar. Desde sempre gostara de futebol, mas agora, mais do que nunca, sentia um misto de medo, desespero, ansiedade e raiva de tudo o que estava acontecendo. Começou o dia tentando, "quem sabe eu não me anime", pensou.

Maria não teve tanta sorte. Também levantou cedo como de costume, mas isso só porque seus clientes não estavam de folga, então teria sim que estar de prontidão. Se o telefone do escritório tocasse, muito perderia financeiramente, pouco de coragem teria de arriscar assim. Ela não estava muito contente com a situação de seu país, por isso, todo o alvoroço existente nas pessoas em um dia como aquele era praticamente inexistente nela. Fora trabalhar de preto, era esse o reflexo do seu humor, mas tinha esperança de que ao chegar em casa, algo tivesse mudado. E trocaria de roupa.

O avanço do dia para eles não foi muito diferente do alcançado por outras famílias. João recebeu os parentes com o sorriso mostrando os dentes que amarelo estavam de tanto café. Seu vício nocivo o fazia permanecer de pé e querer seguir durante aquele dia. O que mais queria? Talvez um sonho intenso, um raio vívido de amor em que nenhum setor social fosse ignorado e desprezado. Maria, por sua vez, ficou até o último segundo no seu carma e seu cotidiano, incomodando-se com o amarelo em primeiro plano. Destacava-se com sua vestimenta, então correu para casa refletindo o porquê de sua mente tormenta ao som do mar e à luz do céu profundo. Estava um pouco mais animada, mais ainda continuava desiludida.

Ao verem seus familiares, e a consequente festa que faziam, ambos por metade se renderam. João colaborou, cozinhou e calorosamente agradou suas visitas e foi a companhia que esperavam que ele fosse. Maria vestiu a camisa, abriu o sorriso e esqueceu das obrigações cotidianas, abraçando sua família transbordava simpatia. Maria e João comemoraram o resultado de 3x1, mas sentiam que seus comportamentos eram grandemente inadequados. João e Maria sofriam por dentro, pois se consideravam traindo uma nação por fazerem algo que não era nada de errado e, assim, se sentiram injustiçados.

No fim do dia, a imagem do Cruzeiro resplandeceu, e os dois terminaram o seu dia vivido estranhamente. Tão separados pela gigante natureza, mas tão conectados por enormes sentimentos: o de ser brasileiro, e o de viver e enxergar intensamente o drama brasileiro.

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Tema 12: Inspirado em uma música.

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