Drama

Pietro e o Girassol

terça-feira, abril 08, 2014


Pietro não tinha graça. Brincava com flores procurando outros amores para ver ser adiantava. Os buquês murchavam de tanta demora e de olhos cerrados sofria sem ela. Bastava um chamado, fingia-se cansado e deixava os amigos para depois. Pra quê futebol, se corria atrás de perguntas chutando respostas para as mais frequentes angústias que pairavam em sua mente? Regar o Girassol ao menos trazia, no descanso de sua casa, esperança de então comprar com ele o sorriso de sua garota. 

Pietro não tinha palavras. De gestos vazios e pouca coragem foi construindo o discurso do mais fino amor. Balela para os amigos, fase comum para a família, paixão repentina pro seu coração. É que, desde então, acordava sorrindo, fingindo a si mesmo que ele hoje a veria. Seguia tristonho quando não mais encontrava o horizonte que agora tanto amava. E, então, num pensamento medonho de tornar-se um fraco diante daquele vício, dormia chorando. Porque parecia impossível que, em tão pequeno garoto, um tamanho carinho florescesse e nada acontecesse.

Pietro não tinha coragem. E assim continuou, enquanto continuava o Girassol.

Eu escrevo

E assim...

domingo, abril 06, 2014


E assim foi.
Como se o vento fosse incomum, como se a luz não houvesse existido, como um estalo que acorda o pesadelo de um pensamento perdido. Foi também como se uma borboleta pousasse em cascalhos de guerra ou construção mal-sucedida. Ou como uma ideia, antes inibida, sendo permitida tornar-se existência.
"Pare, tempo", ela disse. "Eu quero viver!". Agora que tocou-se da realidade, ela quis transformar a ânsia interior em combustível para seus sonhos, quis fazer barulho, quis alimentar o ânimo e quis fazer tudo isso ao mesmo tempo. Porque só agora, infelizmente, ela sabia que podia. Ou felizmente.
E viverá.
E assim será.

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