Sertão
Que abriga o amor
Que me traz saudade
Do que ainda não conheci
Da sofrida infância
Da mãe trabalhadora
E dos avós batalhadores
Sertão
Que faz muito calor
Que me traz tranquilidade
Da horta que alimenta
Na chuva tão esperada
Ou do café no fim de tarde
na casa da vó.
Palavras imensas que drenam a alma
transformando vidas contando o que sobrou
Da guerra estreada com a fé que restou,
no estopim, enfraquecendo a calma
Seus pesares são tão leves quanto o ar
Tristeza tão grande que a falta nelas gerou
São amores verdadeiros que o destino levou
Esperança perdida e procurada no mar
Essas mulheres que temem o passado
Vivem sonhando por paz no futuro
E poder colocar em dia o carinho atrasado
O oceano agora carrega o sussurro
Daquela que agora é apenas afeto desejado
e que dorme em lágrimas num sono inseguro.
O tempo que foi agora
Não volta outra hora
Perdeu-se no espaço
Ou no vazio sem dimensão
Ficaram apenas lembranças
Agradáveis ou não
Para que crescesse, enfim
O escritor que há em mim
Criança
Da luz o sorriso, matéria que alegra
Carisma que se prende na inocência que inspira
Se forma tão lenta, tão rápida se cria
Quando dá-se conta de sua existência
Sofre calada por não ter pedido para existir
E se sentir criança
Infância
No tempo perdido, o espaço sagrado
Raízes se soltam no amadurecimento que intriga
Se dança no escuro, tão claro suplica
Para que o instante congele e mantenha
Sempre cravada na vida em memória
A vivência de infância.
Não sou Bandeira para descrever-te, maçã.
Julgo humildemente meu eu, tento calmamente me superar.
Estimulo meu devaneio ao fim de tarde com o teu cheiro
Para que de ti, sozinha, eu possa me alimentar
Na solidão, que então a minha noite comece
Desipnotizando-me e permitindo-me levantar
E num pistar de olhos, salgadamente lacrimejo
Na ansiedade de meu desejo saciar.
Querida maçã, estou chegando.
Piscou diversas vezes lubrificando os olhos e mirou-os, novamente, desacreditado. Não havia mais o que fazer. As dúvidas eram concretas, os sonhos estavam atrasados e estrago estava feito. Gentileza nunca fora seu forte, em sua mente neste mundo cada um era por si. Agora então, mais do que nunca. Não conseguia enxergar propósito dali pra frente, bolou planos e estratégias mas sentiu preguiça em realizar cada um deles. O copo de vidro que encontrava-se em seu lado direito encaixou-se em seus dedos grossos e enrugados. O turbilhão de pensamentos acentuava a sensação de fim e cada vez mais latejava a sua cabeça. Gritos, sussurros e súplicas de uma dama perturbada fazia tudo girar mais e mais até que soltou o seu próprio grito. O mais forte que já ouvira, que saíra do seu interior exalando a mediocridade vivida todos esses anos.
O que antes era um copo e um espelho eram agora cacos de vidro e reflexos despedaçados exibindo a desordem em que a sua vida se encontrava. Permitiu-se lentamente chorar e soluçar de ódio, remorso, amor e arrependimento, sem ordem e sem limite, como nunca havia feito antes. Permitiu-se sofrer sem vergonha, amolecendo suas pernas e caindo de joelhos olhando para o chão. Se antes só queria dormir, agora queria sumir, o que não queria era ver a sua exposição diante da sociedade dali pra frente. Os dedos enrugados pressionaram um pedaço considerável de vidro que foi de encontro ao pulso, caindo por completo no chão rústico coberto pelos cacos daquela noite. Ao se encontrarem, diria que também fez com ele o que fizera com ela. Talvez ela compreendesse e então o aceitaria. Sem forças, tombou de lado sua cabeça e, em seu reflexo em uma das partes perdidas do espelho, observou sua vida inteira. E, partir daquele momento, jamais seria o mesmo.
O céu não se define em cor
Na vida de quem a vida colore
Mesmo que pouco em mim escore
É de muito fazer sonhar
Marte ou Saturno fazem brilhar
O meu zênite, ou meu teto,
Fazem querer com todo afeto
Iluminar o meu caminho
Se aproxima com carinho,
Deslumbrante céu de Inverno
Cor de Antares pego terno
E pinto a vida com amor
Eu sou épica. Narro histórias e crio fantasias que alimento com o sonho de ser o que não posso. Piso no chão e em um instante narro o meu vôo à infinitos lugares que nem faço ideia que existam. Eu os crio e os adéquo à realidade que eu quiser. Eu nasci, eu vivo e um dia morrerei. Estou certa em querer seguir em frente, vivi momentos para errar e assim aprender com as consequências. Já fui velha, sou criança e nunca me senti adulta. Ando rapidamente e em largos passos e para ver se o tempo congela, mas não se engane como eu: não podemos nos esquivar do inevitável. Se eu não caio, eu não levanto, e o instante não existirá se não houver abstração. Sou merecedora de paz, sofredora do cotidiano, estudante de mim mesmo, quem sabe um dia eu aprendo. Eu sei o que eu faço e percorro caminhos traçados com o único objetivo de continuar vivendo. Eu sou um conto de ansiedade e um romance desanimador.
Comentem o que acharam de tudo isso. Vou adorar saber =)